<$BlogMetaData$

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sexy Machine



Paula Capobianco


Foi-se o tempo das tradicionais e famosas mulheres da vida, dos cabarés que acolhiam no calor do seu colo fraterno desde homens casados até mesmo seus filhos com o intuito de iniciar a vida sexual. Gerações e gerações conviveram, mesmo que a distância, via ditos populares e nas telas de grandes cinemas, com a famosa figura da mulher “alheia”, mais conhecida como garota de programa. Acompanhando as evoluções tecnológicas esse mercado tornou-se uma poderosa indústria pornográfica que teve início nas revistas em quadrinhos e que hoje abrange todas as mídias: primária, secundária e terciária.
O mercado dos fanzines pornôs cedeu quase que todo seu espaço para as antigas vídeo locadoras, que hoje, mesmo com a ascensão do DVD, ainda sobrevivem sem maiores prejuízos se digitalizando. Entretanto, além da larga escala de opções de revistas masculinas nas bancas, é na internet, hoje um dos veículos de comunicação mais utilizados principalmente pela população brasileira, que você pode encontrar esse "produto" com a maior facilidade e a menor restrição ou fiscalização . Ou seja, hoje você marca um encontro com a cyberwoman, ou com as eightteens em um click, bastando apenas se cadastrar no respectivo site.
Graças ao livre arbítrio, cada um tem a sua vida e faz dela o que bem entender, ainda bem! Porém, o problema não está no fazer e sim, na medida em que, a forma como o que é feito possa interferir no bem comum. Em outras palavras, o problema está na fácil acessibilidade desses sites e principalmente no conteúdo neles encontrados. Em sua maioria as fotos já estão na home de entrada, sem qualquer restrição apenas levando um texto pra responder se o navegante é maior de idade ou não, apenas isso. Você pode afirmar que a restrição a que me refiro é de responsabilidade dos pais do menor, mas não se trata apenas disso.
Há poucas semanas foi capa da revista Veja um tema semelhante a um dos pontos em que quero chegar. A nudez óbvia, e gratuita. A revista abordou as discussões realizadas em cima das cenas de sexo e de atores com as mínimas roupas necessárias em cenas comuns e em horários impróprios. Até que ponto a arte não violenta o ser humano com a sua nudez. Particularmente não vejo problemas com a nudez partindo do principio do propósito e do caráter com que é trabalhado. Entretanto, não é com esse tipo de trabalho que realmente temos lidado na televisão brasileira e nos sites os quais foram nosso ponto de partida. Susana Vieira e José Wilker se denunciaram em canas praticamente explícitas de sexo em pleno horário nobre na novela "Senhora do Destino". A apelação do autor da novela passou também pelas mãos dos atores, e é nesse momento que o problema é camuflado com a falsa idéia da arte.
Penso que a arte vai muito além de nudez e sexo, não menosprezando ambos, mas sinto que tal reverência é advinda da carência de sinestesia e de uma mente fraca e vazia do público atual brasileiro. Está para entrar no circuito cinematográfico, “Entre Lençóis”, filme protagonizado por Paola Oliveira e Reynaldo Gianeccine. Ainda não pude assistir, porém sei por alto que o filme relata a história repentina de um casal que acaba de se conhecer e passa uma ardente noite em um quarto de motel, cenário do filme. O longa foi bem divulgado devido as fortes cenas na cama entre os atores. Gianeccine, que já interpretou cenas do mesmo teor em “Primo Basílio” no cinema, não foi pego de surpresa. Aí está um bom exemplo de arte com nudez, mas sem agredir o ser humano (que quando me refiro falo desde uma criança até um idoso), pois não aparece o filme inesperadamente na sua frente, afinal você o procurou e tem idade para assisti-lo.
A questão é, tem que se fazer entender o poder que toda essa magia erótica tem, mesmo que indiretamente, sobre a forma de agir e pensar das pessoas. Cogitar que talvez possa ser essa banalização que leve garotas de todos os níveis de formação, a se disponibilizarem em sites de massagem e de prostituição de luxo.
O dom de quem fabrica a arte pode se desmanchar ao se igualar as demais tentativas de expressão que por sua vez já se resignaram ao sujo, cafona e vulgar nada que se compare a um Nelson Rodrigues.

1 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Achei que vc não ia citar o MAGO Nelson Rodrigues!
Que sempre soube como ninguém, abordar esses assuntos da sexualidade das pessoas, da ótica mais intima e honesta possivél!

Agradavel surpresa esse seu texto...

Gostei bastante!

7 de outubro de 2009 às 18:32  

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial